Os políticos, são indivíduos rigorosamente interessantes, verdadeiros artistas de teatro, comediantes, impostores, lutadores de defesa e, simultaneamente, figuras endémicas e acusatórias. Porquê?
Porque a política é uma nobre arte e uma coisa muito bonita de se fazer e, dedicar a vida aos serviços dos outros, é o melhor que pode haver. No entanto, olhando para a classe política portuguesa, temos muitas dúvidas sobre a qualidade da maior parte desses Senhores, que detêm esse poder. E isso, é preocupante!
Os nossos políticos acham, que os cidadãos são desinteressados, obedientes, gananciosos, incultos, reverentes, eternamente gratos perante qualquer maço de notas, preocupados com o sexo e o carro, capazes de aceitar tudo o que se lhes faz e diz, sem autonomia, conformistas e sem capacidade de revolta. E não percebem que estão perante uma enorme encenação.
Só assim conseguimos imaginar as razões pelas quais os políticos parecem tão descaradamente desatentos às vozes do Povo, a este silêncio de revolta e de submissão. Já ninguém acredita “neles” e muito menos confia, afundados como estão em processos duvidosos e negócios de legitimidade discutível.
Já poucos de nós, se interessa pela política, porque poucos se interessam por “eles” e pela política “deles”. Ninguém quer poupar ou consumir menos, porque “eles” disseram, vezes sem conta, que se deveria crescer e consumir e porque são “eles” os primeiros a gastar excessivamente.
Ninguém está disponível para aceitar, de bom grado ou com sacrifícios, a austeridade, porque os ricos não a aceitam e porque muitos são os que fogem ao fisco. Ninguém parece convencido de que seja necessário um pouco de moralidade pública e de disciplina, porque os políticos estimulam exactamente o contrário.
Ninguém quer tratar o Estado como serviço público, porque os políticos (todos eles), são os primeiros a não o fazer. Ninguém quer abdicar da cunha, da mentira e da aldrabice, porque com o preço do petróleo, os empregos nos postos de chefia e as acções das empresas privatizadas, deram exemplo do contrário. Mais.
Na sua vulgaridade, julgam “eles”, os cidadãos seriam passivos. Ora, no futebol, na televisão, nas escolas, eventualmente nas empresas, são frequentes as manifestações de revolta e de inconformismo, quem sabe de violência (pelo menos verbal…).
Quaisquer que sejam os motivos, incluindo a vaidade e o exibicionismo, os cidadãos já não gostam de ser tomados por parvos. E sabem quais são os seus direitos. Nas suas encenações, os cidadãos estão a começar a habituar-se a dizer “Não”, a nomear, eleger, expulsar, negociar e censurar.
Cuidado! Daqui a que o façam nos assuntos públicos vão meia dúzia de passos. É que o Povo está saturado de ser enganado, de ser espoliado e, principalmente, de ser sacrificado.
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